Diz esta imagem que um boato morre quando chega aos ouvidos de uma pessoa sensata… e curiosamente escolheram como protagonistas para a ilustração duas mulheres… O que dizer sobre isto então?
De facto, o boato está associado ao mundo das mulheres. Os círculos de mulheres na sociedade actual à volta de uma mesa de café, no salão de cabeleireiro ou na pausa para o chá lá no emprego versam quase sempre no “tecer na casaca” de uma outra mulher que está sobre o escrutínio bem apurado da que tecem considerações… mas já sabemos que quem conta um conto aumenta um ponto… E como a inveja e a competição também andam lado-a-lado com o boato, o mundo das mulheres é, sem dúvida, um amálgama energética bem complicada e difícil de deslindar.
Atenção que não me estou aqui a arrogar a santinha. Já tive os meus momentos de fraqueza e eu já recebi e espalhei fofocas e boatos sobre outras mulheres… até que um dia percebi que ao fazê-lo estava, na realidade, a ferir-me também a mim, pois a outra é sempre um espelho e uma manifestação minha. Parece um pouco sha la la, mas não é… Depois de retirados alguns véus de ilusão, depois de trabalhar intensamente a minha mulher e depois de trabalhar com centenas de mulheres, realizo que este padrão é bem intrincado e é alimentado incessantemente umas pelas outras…
Nos dias de hoje, há uma parte de mim que ainda incorre nesta sedução de alimentar boatos e fofocas, mas estou cada vez mais contida por tudo o que já constatei acima, mas também porque estou cada vez mais a desenvolver algo que nunca tive – um profundo amor por mim e pelas mulheres.
Energeticamente há que fazer trabalho para ir limpando essas teias que são construídas com os rumores, boatos e fofocas que tecemos umas com as outras com agulhas invisíveis mas que espetam e deixam marcas profundas no coração e útero das outras mulheres.
Mentalmente há que ter a consciência de que se entramos pelo mundo da fofoca, atiçadas pela inveja e competição, estamos a perpetuar tudo aquilo que não nos faz falta como mulheres atentas e que trabalham a lúcidez.
Fisicamente a fofoca e o boato, alimentado por dias e horas de trocas e tecelagem, drena a nossa energia vital e a da outra mulher. Ficamos completamente coladas a uma história que não é nossa e que, muitas das vezes, nem temos nada a ver com isso!
Emocionalmente ficamos ainda mais magoadas, tristes e vazias… sejamos nós as que alimentam a teia ou sejamos nós aquelas que são alvo da teia… Mas depois todas as teias se tocam, certo?
Então o que nos resta? Resta-nos voltar ao ponto de base em que percebemos que a outra mulher é espelho de um aspecto de mulher dentro de nós. Deixemos de lado o que a outra diz, faz ou compra. Deixemos de lado a comparação e inveja que, na realidade, é o motor que nos leva a querer ocupar o lugar da outra quando nem sequer nos damos ao trabalho de ocupar o nosso!
Resta-nos ir limpando os rastos de teias que fomos tecendo ao longo das nossas vidas e tomarmos consciência para não irmos mexer mais em energias que não compreendemos. Sabiam que demasiadas fofocas e boatas, a partir de mentes bem distorcidas e más, podem chegar à outra mulher na forma de magia negra? E sabiam que se alimentam isso, essa teias negras chegam até vocês em forma de magias? E que assim estão sempre em ciclos de perpetuação de maledicência umas com as outras?
É um tema com muitas implicações. Daí que os Círculos de Mulheres saudáveis e alinhados não permitem mais este tipo de postura para as mulheres presentes. Todas as trocas são bem acolhidas em amor e respeito, mas alimentar algo que perpetue uma ferida aberta pelo patriarcado em nós não é bem vindo.
Em Agosto, no Retiro do Lammas, pedi às mulheres presentes para cuidarem deste Círculo pois se alguém o desonrar estará a desonrar cada uma delas. E pedi que jamais desonrem os outros Círculos de Mulheres que fazem parte, pois desonrar as outras mulheres é desonrarem-se a si mesmas.
E mais uma vez reforço – nem sempre fiz assim. Também já dei maus exemplos. Mas por aprender com eles, aprender com o meu Caminho interno, tenho também autoridade para me expor e apresentar este texto.
No fundo, eu já sei dentro do meu coração:útero que as mulheres unidas irão mudar o Mundo. Mas só estarão unidas aquelas que se apresentam na Verdade.
— Isabel Maria Angélica, 21.Out.2015
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