Vem…
Chegou aquela altura do ano…
O temp(l)o D´Ela.
Traz as tuas lágrimas, os teus lamentos, as tuas dores, as tuas mortes, os teus mortos.
Traz a tua capa, a tua pele em carne viva,
Os teus ossos.
Vem, porque com o Samhain vamos descer.
Chegou aquela hora de também arder.
De ser consumido pelos fantasmas e pesadelos.
De confrontar os medos.
De cruzar os véus e reencontrar as cinzas dos que já foram antes de nós.
Chegou a hora de voltar a ser chão vazio e fértil.
De voltar a honrar o Mistério. Vem.
E, não te esqueças, traz apenas contigo as sementes mais puras junto à candeia do teu coração.
O resto, deixa, não te fará falta.
É chegada a hora da Noite, do Poente, da Morte.
Não há maior Mestre.
Chegou a altura D´Ela, cujos passos se vêm anunciando pelos ventos e trovoadas de final de Verão.
Ela que reina no submundo com o seu consorte e guarda os tesouros da destruição e criação da Vida.
Ela que nos guia através da noite escura do Inverno até submergirmos na Primavera renascidos.
O convite está feito e volta a cada ano. Sem romantismos. Sem efeitos especiais. Sem filtros.
Esta é uma passagem crua, dura e muito íntima.
Texto por Rita Aleixo
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